30 de jan. de 2014

O que a traição provoca no relacionamento

Embora a primeira-dama da França tenha saído do hospital, seus ferimentos certamente não foram curados. Passar pela humilhação que ela passou ao descobrir, ao mesmo tempo em que todo o mundo, que seu marido possivelmente foi infiel, causa mais do que danos morais, causa também danos emocionais e até físicos, muitas vezes irreparáveis. Após manter um suposto relacionamento de mais de dois anos com uma atriz, o presidente francês François Hollande foi descoberto por uma revista popular da França, e sua companheira, a jornalista Valérie Trierweiler, sofreu um ataque de nervos. Ela ficou internada por oito dias, mas sua assessoria não quer entrar em detalhes sobre seu estado de saúde. Dois golpes Uma pessoa, quando traída dentro de um relacionamento, recebe dois duros golpes: o primeiro é na autoestima. Um caso extraconjugal nunca tem motivos satisfatórios e a falta de respostas faz a vítima imaginar que foi traída por sua própria culpa. “Talvez se não tivesse agido de tal maneira ou dito tal coisa...”, ou mesmo “A culpa é minha por sempre escolher esse tipo de pessoa...”, “Estou destinado é ficar sozinho para sempre”, enfim. O segundo golpe sofrido é na própria segurança. Sem as respostas, a mente diz para a pessoa que a culpa é dela. Ela não é bonita o bastante, inteligente o bastante, boa o bastante. Percebe que somente ela manteve os votos, pensa que foi burra por ter se dedicado a alguém que não se importa com ela, perde a confiança no parceiro e em si mesma. Com isso, sente-se insegura. Todos esses sentimentos misturados são capazes de causar uma confusão enorme na mente de alguém. Muitas pessoas se deprimem gravemente, outras buscam onde se segurar para permanecer de pé, já que seu porto seguro é um traidor. No caso de Valérie Trierweiler, um ataque de nervos a levou ao hospital. Quando se encontra forças É perder o chão em que se pisa, perceber que tudo o que foi construído não existe mais. Passar a odiar a pessoa que há até poucos minutos se amava, simplesmente não acreditar no que está vendo e ouvindo, torcer para aquilo ser um sonho. Quando Cleonice Kusowsky ouviu da boca de seu marido que existia uma terceira pessoa no relacionamento, seu mundo acabou. A psicóloga Cláudia Morais explica em seu site que o amante ser mais bonito, mais inteligente ou elegante é um mito: “A terceira pessoa representa, sobretudo, a oportunidade de viver momentos geradores de bem-estar (em oposição aos momentos de tensão do casamento). O que é valorizado é o prazer destes encontros, e não as qualidades pessoais do amante.” Isso, entretanto, não é fácil de aceitar. Cleonice recebeu a notícia no altar da Universal que frequentava, diante de centenas de outras pessoas. O que antes era apenas uma desconfiança se tornou real e ela simplesmente não sabia para onde correr. Se até então ideias como a traição rondavam a cabeça dela, a pesada certeza matou todo o sentimento que ela carregava dentro de si. “Eu queria separar. Passei a odiar aquele homem e até procurei o advogado para cuidar da nossa separação. Passei muito tempo achando que não conseguiria mais me levantar”, relembra Cleonice. Enquanto os dois permaneciam na mesma casa, o clima de guerra era inevitável. Com as brigas sofriam Cleonice, seu esposo Ivan, e Luís Felipe, filho do casal que na época tinha apenas cinco anos de idade. “Isso prejudicou muito o nosso filho, porque apesar de brigarmos, ainda acabávamos descontando nele.”
Situação revoltante O que mais revoltava Cleonice era pensar em todas as vezes que ela passou dificuldades dentro de casa, inclusive com pouca comida para dar ao filho, enquanto seu marido oferecia churrascos secretos para amantes e amigos. Mesmo antes de descobrir que ele tinha uma amante, Cleonice viveu três ou quatro anos em um casamento perdido. A distância que cresceu entre os dois e a falta de dinheiro constante, fora os passeios injustificados, a fizeram desconfiar de que ele tinha outra pessoa, o que foi confirmado não diante dela, mas sim de toda a igreja. Acredita-se que a confiança dá muito mais trabalho de ser reconquistada do que adquirida da primeira vez. E Cleonice é a prova disso. Embora estivesse destruída em seu interior, sua fé a manteve com esperanças de que o casamento poderia resistir. “Eu queria me separar, mas não aceitei a derrota. Pedi a Deus pela transformação dele, fiz ele me conquistar de novo, do zero. Nos conhecemos de novo, namoramos e casamos.” Não é reatar, é recomeçar Ao contrário do que acontece com boa parte dos casais, o relacionamento dos dois conseguiu se recuperar. Cleonice se apegou à sua fé para não desistir do casamento e, com os dois se dedicando ao mesmo propósito, tiveram êxito. Para um relacionamento dar certo após uma interrupção desse porte, o casal deve saber que não está reatando com o antigo companheiro, mas conhecendo uma nova pessoa e iniciando uma nova vida a dois. É preciso esclarecer todos os pontos em aberto, dialogar e refletir muito bem. Perdoar não é esquecer, mas aprender com o erro. É necessário perdoar, mas retomar um casamento depende apenas da disposição dos dois envolvidos. Hoje em dia, após 15 anos de casamento, quando perguntada sobre o que a pessoa traída deve fazer para se ver livre da depressão, Cleonice não hesita: “Perseverança. Com fé em Deus, Ele vai lhe tirar dessa situação. Porque Ele é pai, não padrasto.” Participe da Terapia do Amor, todas as quintas-feiras, às 19 horas, na Universal de Del Castilho, na antiga Avenida Suburbana, 4.242; em Santo Amaro, na Avenida João Dias, 1.800; no Brás, na Avenida Celso Garcia, 499; e nos templos da Universal por todo o Brasil.

Nenhum comentário:

Postar um comentário