UMA HOMENAGEM AOS 162 ANOS DA CAPITAL DO ESTADO DO PIAUI,A GRANDE TERESINA.
Conheça um pouco a historia da nossa capital.
Teresina, a “Cidade Verde”, a “Capital do Sol”, a “Therezina” de outros tempos, está aniversariando e completando 157 anos de emancipação política. Situada em terreno plano a 72 m acima do nível do mar e a 348 km do litoral, a capital piauiense é a única nordestina que não desfruta de nenhuma vista para o oceano Atlântico.
Prestadora de serviços, conhecida pela sua excelência na saúde e na educação, nenhum aspecto econômico, histórico ou político supera a maior qualidade teresinense: o seu povo. Famosa pela receptividade e atenção de seus habitantes, o teresinense tornou-se o melhor e mais lembrado cartão postal da cidade que começou a ser povoada ainda no século XVII.
Confira um dossiê com história, cultura, religiosidade e vários outros aspectos de Teresina, desde o período de sua fundação, até hoje.
PARTICULARIDADES HISTÓRICAS DESDE A FUNDAÇÃO
Teresina é uma cidade única e, desde sua criação, a capital do Piauí já se diferenciava das demais cidades. Teresina foi a primeira capital brasileira a ter sua construção planejada, ainda durante o reinado de D. Pedro II. É a capital mais quente do país, além de ser a maior cidade do Nordeste fora das áreas litorâneas.
A história da região em que hoje se situa Teresina (Therezina, como era grafada anteriormente) é bastante anterior até mesmo à sua fundação. A região já começou a ser povoada ainda no século XVII, com a chegada de Domingos Jorge Velho com um grupo de Bandeirantes na Barra do Poti, estabelecendo uma feitoria e um criatório de gado - uma das principais atividades da época e até hoje, no Piauí - assim surgiu o Arraial do Poti.
A história da região em que hoje se situa Teresina (Therezina, como era grafada anteriormente) é bastante anterior até mesmo à sua fundação. A região já começou a ser povoada ainda no século XVII, com a chegada de Domingos Jorge Velho com um grupo de Bandeirantes na Barra do Poti, estabelecendo uma feitoria e um criatório de gado - uma das principais atividades da época e até hoje, no Piauí - assim surgiu o Arraial do Poti.
A Igreja de Nossa Senhora do Amparo começou a ser erguida em 1797 e, em 1827, foi criada a freguesia de Nossa Senhora do Amparo. Em 1832, a Barra do Poti é elevada à categoria de Vila, território desmembrado das feitorias de Campo Maior, Valença e São Gonçalo. Em 1850, a Vila do Poti recebeu a visita do presidente da província para uma avaliação das condições de vida da população e, no fim do mesmo ano, é iniciada a construção da nova sede da Igreja de Nossa Senhora do Amparo. Dessa forma, justificam-se muitos depoimentos históricos como o de Monsenhor Chaves que caracteriza Teresina como uma cidade que “nasceu nos braços da Igreja Católica”.
O surgimento de Teresina esteve ligado à fé da população da Vila Nova do Poti, prova disso é o monumento do Marco de Fundação de Teresina, localizado na Praça Marechal Deodoro (Praça da Bandeira) – localizada em frente à Igreja Matriz de Nossa Senhora do Amparo -, de onde teriam partido todas as construções públicas importantes da época.
Com sua fundação oficializada em 16 de agosto de 1852, Teresina teve seu projeto de criação – de maneira inovadora, em traçados geométricos – elaborado por José Antônio Saraiva – o Conselheiro Saraiva –, governador da província do Piauí e conselheiro real durante o segundo reinado. Conselheiro Saraiva, além de amigo do Imperador D. Pedro II, era um advogado e político experiente, presidiu várias províncias e ocupou ministérios como o da Guerra, da Marinha e dos Negócios Estrangeiros.
Foram os planos de Conselheiro Saraiva que trouxeram Teresina à realidade. Enquanto governador da província e conselheiro do reino, ele temia que a desvantajosa posição geográfica da capital na época, a cidade de Oeiras, e a ascensão econômica de Caxias, no Maranhão, pudessem representar graves entraves ao desenvolvimento da província do Piauí. A região escolhida para a construção de Teresina foi a “Chapada do Corisco”, assim denominada por apresentar uma das maiores incidências de descargas elétricas do mundo. Esse foi um ponto geográfico estratégico, pois, além de se situar em um local mais central da província e estar localizada nos limites da estrada que ligava Oeiras às cidades litorâneas, a região se encontrava nas proximidades de Caxias e ainda possuía a navegabilidade de dois rios.
ORIGEM DO NOME DA CIDADE
Teresina significa o diminutivo de Teresa, em italiano. A capital recebeu esse nome em homenagem à Teresa Cristina, esposa de D. Pedro II. Saraiva teria escolhido homenagear a Imperatriz por causa de sua inclinação e intercessão favorável à criação e transferência da capital da província do Piauí junto ao Imperador. Assim, foi nomeada Teresina, apesar de a Imperatriz nunca ter conhecido a cidade que lhe homenageia.
Mesmo com a amizade do Imperador, os projetos de Saraiva, de criação de Teresina e transferência da sede do poder para a nova capital, enfrentaram grande resistência por parte da população de Oeiras, que insistia que a cidade continuasse a sediar o poder político da província.
O SURGIMENTO DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO EM UMA CAPITAL \"PRECOCE\"
Teresina foi a primeira capital mundial a ter jornal apenas sete meses após sua fundação. No século XIX, época em que novos jornais surgiram exclusivamente para dar publicidade às ações governamentais e propagar suas idéias, mantendo a opinião pública a seu favor, foi criado o jornal A Ordem (1853), primeiro jornal teresinense. O veículo apresentava maior elaboração em sua feição gráfica, trazendo noticiário político e social, além de artigos doutrinários. Embora fosse o primeiro da capital, ele já trazia uma inovação: não se limitava a criticar ou dar publicidade aos atos oficiais, mas havia a preocupação em agradar aos leitores.
Crescimento acelerado da capital após sua fundação
Nos anos que se seguiram após a fundação da capital, Teresina experimentou um crescimento - principalmente, populacional e estrutural - em um ritmo bem acelerado. A população passou de 49 habitantes a um número próximo de 20 mil, em apenas 20 anos.
Teresina também começou a ganhar postura estrutural de uma capital. Além da entrega da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Amparo, ainda no mesmo ano da fundação da cidade, Teresina ganhou o teatro “Santa Teresinha” em 1858. Em 1867, a Igreja de Nossa Senhora das Dores – depois elevada a Catedral – é concluída e, no mesmo ano, a cidade ganhou seu primeiro sistema de iluminação pública, dispondo de seis combustores de querosene sobre postes de madeira, ampliado em 1882. Em 1886, é inaugurada a Igreja de São Benedito.
A Teresina que conhecemos hoje
Atualmente, a Cidade Verde conta com um baixo índice de criminalidade – estando na terceira melhor posição entre as capitais brasileiras. Dados, como esse, contribuem para a boa imagem de Teresina como capital que oferece qualidade de vida a seus habitantes, estando, inclusive, no ranking das 100 melhores para se trabalhar no país, de acordo com a revista Você S/A.
Ponte Metálica, um dos principais cartões postais da cidade
A capital piauiense viu sua base econômica transferir-se, gradativamente, do setor primário (baseado na extração de maniçoba e carnaúba e na agropecuária) para o setor terciário. Embora, o estado ainda seja o maior produtor de cera de carnaúba do Brasil, o comércio e a prestação de serviços especializados são, hoje, as atividades que mais tem crescido e se destacado em Teresina – impulsionando a economia local.
A Capital do Sol é, por excelência, uma cidade prestadora de serviços de Saúde. Hospitais de grande porte como o Hospital Getúlio Vargas (HGV) e o Hospital de Urgência de Teresina (HUT) são demonstrações da amplitude da rede de saúde pública instalada na região metropolitana, que atende à grande maioria das especialidades médicas. O HGV foi inaugurado em 1948, sendo o maior hospital público do estado e do Nordeste à época. Já o HUT é mais recente: inaugurado em 2008, o hospital de Urgência atende à boa parte da demanda de pacientes provenientes da capital e de cidades, até mesmo de outros estados.
A fundação de Teresina deu-se na confluência de dois rios, o Parnaíba e o Poti, tendo em vista explorar o acesso à cidade via transporte hidroviário. Em contrapartida, o que se presenciou foi o desaparecimento da navegação fluvial com o passar dos anos.
Já o sistema ferroviário piauiense acompanhou a decadência nacional dessa modalidade de transporte, de forma que a importância das estradas de ferro que ligam a capital piauiense a São Luís-MA e Luís Correia-PI foi perdida, assim como a Estação Ferroviária de Teresina (fundada na década de 20) ficou praticamente sem função. O ramal Teresina – São Luís só é utilizado, nos dias atuais, para transporte de carga, sobretudo de combustíveis.
Teresina também é referência na Educação, sendo destaque nacional neste quesito. Esse aperfeiçoamento deve-se, em grande parte, pela criação da Universidade Federal do Piauí (UFPI), em 1971 – um dos mais importantes fatos na história recente do estado piauiense, no que diz respeito ao seu desenvolvimento. A partir daí, pela primeira vez, foi possível produzir conhecimento de nível superior em massa e formar especialistas no Piauí, que passou a não mais depender da importação de profissionais qualificados.
A fundação da Universidade Estadual do Piauí, UESPI, em 1986, foi outro fato recente de bastante relevância, servindo de alavanca para o desenvolvimento e reconhecimento da Educação em Teresina. A UESPI e a UFPI serviram de parâmetros para que os níveis Fundamental e Médio fossem aprimorados, de forma a acompanhar o ritmo e a exigência das instituições superiores aqui instaladas.
A FUSÃO SINGULAR DE CULTURAS QUE CARACTERIZA TERESINA
Teresina possui um potencial cultural bastante forte e diferenciado. Nele funde-se a criatividade do povo teresinense (nato ou aqui acolhido) em vários âmbitos, desde os pratos típicos até a música e a expressão corporal produzidas na cidade. A capital piauiense é palco de manifestações culturais que refletem muitos dos costumes de seus moradores.
A culinária teresinense possui elementos – como o uso comum de temperos verdes – que a diferenciam até mesmo da produzida no interior do estado, assim como os tradicionais mercados de Teresina, em que estas iguarias podem ser encontradas. Muitas histórias de teresinenses se misturam a de mercados como o do bairro Dirceu, mais ainda à do mais tradicional de todos, o Mercado da Piçarra, famoso por servir os pratos mais característicos de nossa região, e recompor as forças dos adeptos da boemia teresinense no retorno às suas casas.
A produção de eventos que incentivam a cultura – tanto local, quanto regional e nacional – se mostra bastante ativa no sentido de valorizar os aspectos de cada instância das produções culturais na capital. Exemplos disso são o Encontro Nacional de Folguedos do Piauí, o Salão do Livro do Piauí (SALIPI) e o Salão Internacional de Humor de Teresina, este último realizado geralmente na Praça Pedro II, um dos locais mais importantes para o histórico cultural de Teresina. Além de localizar-se delimitando o prédio do principal teatro da capital, a praça ainda se situa em frente a um antigo cinema da cidade, o Cine Rex, e à Central de Artesanato de Teresina.
SALÃO DE HUMOR EM TERESINA, 2009
O SALIPI é o maior evento literário do Estado do Piauí, ocorre desde 2003 e promove discussões culturais, manifestações artísticas e diversas atividades de interação entre público e autores. Já o Encontro de Folguedos acontece desde 1974, quando as apresentações folclóricas ocorriam no Teatro de Arena, e acontece até hoje, com rotatividade de locais.
Um outro espetáculo vem ganhando espaço e repercussão na capital: a encenação da Paixão de Cristo pelo Grupo de Teatro Monte Castelo (GTMC). O grupo de teatro produz a encenação há 21 anos e conta, atualmente, com a participação de 200 profissionais de artes cênicas. Além desse grupo, há também inúmeros outros que se destacam e Teresina, como o Núcleo de Criação do Dirceu, que, dentro de uma autonomia, proporciona a um grupo de artistas, dentre bailarinos, músicos e atores, uma espécie de plataforma de pesquisa e produção no campo das artes performáticas e da linguagem contemporânea.
Espetáculo Paixão de Cristo, 2009
As praças da capital também são uma das grandes razões para que Teresina seja conhecida como “cidade verde”. A Praça Marechal Deodoro (Praça da Bandeira) reafirma o fato de que o cuidado arquitetônico com a arborização, juntamente com a preocupação em preservação destes santuários naturais urbanos, faz com que Teresina seja uma cidade tão agradável para se viver.
Não é à toa que Teresina é conhecida como \"Cidade Verde\"
Além da preocupação na preservação das áreas verdes, Teresina preocupa-se também com a continuidade de sua cultura. A Academia Piauiense de Letras homenageia e reúne os maiores nomes da cultura do estado do Piauí, com destaque para o jornalista Carlos Castello Branco, imortalizado também pela Academia Brasileira de Letras. O Memorial Zumbi dos Palmares, criado em 2007, é um centro cultural destinado a resgatar e difundir a cultura negra. Seu nome homenageia o líder do Quilombo dos Palmares, que dedicou sua vida a combater a escravidão no Brasil. Outros centros de cultura da capital não podem ser esquecidos, como a Casa da Cultura, o Museu do Piauí e a Central de Artesanato Mestre Dezinho, que funciona em um antigo prédio público onde já funcionou até uma cadeia.
ESTAÇÃO FERROVIÁRIA; ACADEMIA PIAUIENSE DE LETRAS; CENTRO DE ARTESANATO; MEMORIAL ZUMBI DOS PALMARES
A Central de Artesanato é um complexo que reúne alguns dos elementos mais marcantes da cultura piauiense e teresinense. Dentre os produtos ofertados dentro de cada canto, com decoração em estilo típico do interior do estado, podemos encontrar desde a cajuína teresinense – marca registrada da cidade –, até uma escola de música, passando por gibões de couro e pratos típicos, chegando até peças de artesanato características da arte da capital.
A TERESINA QUE SE SOBRESSAI NO RICO ARTESANATO
O trabalho artesanal pode ser classificado como a manifestação cultural de maior relevância dentro da história de Teresina. O artesanato teresinense, assim como até mesmo o surgimento da capital, está intrinsecamente ligado à questão religiosa. Culturalmente, Teresina se destaca na produção da arte santeira.
O maior nome da arte santeira piauiense foi, com certeza, José Alves de Oliveira - o “Mestre Dezinho”. Natural da cidade de Valença - PI, ele alcançou fama nacional e até internacional. Mestre Dezinho surgiu como um ícone da arte santeira em madeira. Teresina o homenageou dando seu nome à Central de Artesanato da capital. Assim, Teresina demonstra sua paixão pelos artistas de nossa terra.
“Teresina, pra mim? Teresina é a minha paixão!”. Assim disse, Carlos de Oliveira – o Seu Carlos - presidente atual da Cooperativa dos Artesãos do Piauí - no momento, desativada - e um dos mais antigos artesãos da Central de Artesanato Mestre Dezinho. Natural de Campo Maior, Seu Carlos conta que veio, ainda criança, para Teresina, em 1964, com os pais, fugindo da ditadura. “Não sei bem porque meu pai fez isso, naquela época, a gente nem participava de nada, mas como um primo dele tava no movimento e foi preso. Aí ele dizia: ‘Vamos pra capital porque lá é que tá acontecendo as coisas e, no meio do povo, ninguém vai nem saber quem é a gente’”.
O artesanato de Seu Carlos consiste em reproduzir na madeira as imagens de pinturas rupestres encontradas em São Raimundo Nonato. Ele afirma que o artesanato em Teresina continua uma atividade forte até hoje, constituindo-se como fonte de renda para cerca de seis mil pessoas na capital.
Outra importante forma presente no artesanato teresinense é a das obras em cerâmica. O principal centro de produção dessas peças se situa na zona Norte da capital, no bairro Poti Velho: uma comunidade historicamente habitada por pescadores e artesãos. Essa região abriga também uma das mais belas paisagens naturais de Teresina, a do ponto em que o Rio Poti deságua no Rio Parnaíba, no Parque Ambiental Encontro dos Rios.
O pólo cerâmico do Bairro Poti serve de local para que as peças produzidas pelos artesãos associados à Cooperativa dos Ceramistas do Poti (ACERPOTI) possam ser expostas e comercializadas de maneira mais organizada. A criação do pólo tem apenas cerca de dois anos, porém a história desses artesãos naquela região ultrapassa gerações, vem desde a década de 1960.
“O barro tá no sangue, se antes era uma questão de sobrevivência, hoje, é de sobrevivência e de amor”. Foi assim que a artesã e presidente da Cooperativa das Artesãs (COOPERAT), Raimunda Teixeira - mais conhecida como Dona Raimundinha –, descreve sua relação com o Poti. Residente na comunidade desde 1985, Dona Raimundinha, natural da cidade de Imperatriz, no Maranhão, agradece e conta que chegou a Teresina com dois filhos pequenos e um que já estava por nascer. Com muito esforço, aprendeu a trabalhar com o artesanato graças ao esposo e, hoje, já aproveita qualquer tempo livre para fabricar peças. A questão do aprendizado da profissão de artesão, costumeiramente, acaba sendo hereditária, porém, antes da criação do pólo cerâmico, os jovens da região não demonstravam interesse em continuar a trabalhar com o artesanato. Essa situação, porém, já está sendo revertida graças à valorização da atividade.
TERESINA RESPIRA CULTURA
Os teatros e casas de espetáculos contam, apenas por meio de sua história, como a capital viveu bem seus 157 anos. Entre os teatros de maior destaque estão o Teatro de Arena, o Teatro do boi – centro cultural situado no antigo prédio do Matadouro Municipal de Teresina, no Bairro Matadouro, zona Norte –, o Teatro João Paulo II (no bairro Dirceu) e o Theatro 4 de Setembro, palco de grandes histórias durante seus mais de cem anos. Esse último teatro lembra o vizinho Clube dos Diários: endereço que agitou Teresina nas décadas de 1920 a 1960, e que, hoje restaurado, voltou a cumprir com seu papel às quartas-feiras, sediando o projeto musical Boca da Noite.
CLUBE DOS DIÁRIOS; TEATRO JOÃO PAULO II; TEATRO 4 DE SETEMBRO; CINE REX
Além do Boca da noite, não são raros em Teresina, outros espaços que se dedicam à música, como o Espaço Raízes e o Espaço Cultural Trilhos – além da parte musical, este último, situado no prédio histórico da antiga Estação Ferroviária de Teresina, construída em 1926, ainda apresenta exposições sobre a cultura e história da capital.
A iniciativa privada teresinense também tem investido bastante no mercado do entretenimento. Uma infinidade de grandes bares, boates, pubs e outras casas com estrutura para shows surgiram em Teresina nos últimos anos. Segundo um dos empresários da cidade com destaque no ramo, Rannieri Pinto, “a cidade, nos últimos dez anos, cresceu muito na área de entretenimento... cresceu muito ao nível de Fortaleza, de São Luís, e a gente só tem a agradecer a Teresina”. O deputado estadual João Mádison também chama atenção para o crescimento desse mercado na capital: “Teresina está se abrindo pra todo tipo de empreendimento. Esse empreendimento da noite é um empreendimento que dá retorno”.
Os investimentos neste setor significam uma maior abertura para novos artistas e bandas locais, especialmente para aqueles que trabalham com a universalidade de alguns estilos mesclada ao regionalismo cultural – gênero que se fortaleceu com a chegada da geração que cresceu no início da década passada.
PRODUZIDA EM TERESINA; UM ESPETÁCULO A PARTE
Dentro do regionalismo no campo musical em Teresina, encontramos bandas como Eucapiau e o Conjunto Roque Moreira – fundado em 2001, que homenageia o radialista piauiense de mesmo nome, já falecido.
O conjunto Roque Moreira é um bom exemplo, desde sua formação, de como Teresina reúne e funde várias culturas de maneira singular: entre os integrantes, há dois teresinenses, um componente que nasceu em Brasília-DF, outro em Amarante-PI e um outro em Caxias-MA. Mesmo assim, todos concordam que Teresina é a casa deles, fazendo parte, portanto, do cotidiano da banda. A proposta musical dessa banda é baseada em um repertório eclético, que mistura ritmos como Baião, Xote, Bumba Meu Boi, Carimbó, Rock, Reggae, Soul e Salsa.
O contrabaixista do Roque Moreira, conhecido como Bai Bai, afirma que “os ares de Teresina que nos inspiram a declarar nossa universalidade através do regionalismo”. Já Daniel Hulk (vocalista), considera a capital piauiense “cosmopolita”, constituindo-se como “um grande centro de encontro de várias culturas: muita gente do interior e muita gente de outros estados”. Anderson Canibal, baterista do conjunto, acrescenta ainda que essa mistura cultural possibilita à banda “beber de várias fontes para compor o som” que eles tocam.
Os integrantes do Conjunto Roque Moreira destacam, entre as características do teresinense, a receptividade, o bom humor e a boa aceitação de inovações. Para eles, a capital tem um “super potencial” e o que os faz acreditar nas pessoas que vivem em Teresina é a sua “alegria de viver, mesmo com as adversidades”.
A cantora Lilly Araújo, atualmente em carreira solo, acredita que Teresina apresenta um cenário musical formado por uma imensidão de bandas, mas apenas poucas delas possuem expressividade dentro desse campo. Essa carência, ela explicou em um bate-papo com estudantes da UFPI, pode ser explicada pelo fato de muitos artistas não procurarem um nível maior de profissionalização e não se preocuparem em investir na carreira, continuando no amadorismo, e tendo a música apenas como um hobby.
Teresina possui também uma orquestra (Orquestra Sinfônica de Teresina) – totalmente formada por piauienses – e uma banda sinfônica (Banda Sinfônica 16 de Agosto), ambas vinculadas à Fundação Cultural Monsenhor Chaves, assim como o Balé da Cidade e o Grupo de Flauta Doce Sopro Divino. Renato Berger, presidente da Câmara Municipal de Teresina faz questão de ressaltar a qualidade dos músicos da orquestra teresinense: “Eu acho que é uma orquestra que não deixa a desejar, diante das outras que tenho visto, que tive oportunidade de ver. Isso me faz muito feliz em poder dizer: ‘Lá em Teresina, na minha cidade, nós temos uma orquestra que não deixa a desejar às outras orquestras pelo Brasil’”, afirmou.
ORQUESTRA SINFÔNICA DE TERESINA
As lendas de um povo marcado pela imaginação e superstição
A cultura do estado do Piauí é bem rica de personagens. Dentre as muitas representações do folclore piauiense, a mais teresinense de todas é, sem dúvida, a do Cabeça de Cuia. A lenda conta a história de Crispim, um pobre pescador que morava com sua mãe e que, em um dia de ira por não ter tido uma boa pescaria e tendo apenas uma sopa de ossos de boi como alimento, revoltado com sua sorte, teria espancado a própria mãe utilizando o maior dos ossos da sopa. Antes de morrer, a mãe de Crispim o amaldiçoa, obrigando-o a viver se escondendo entre os rios Parnaíba e Poti, por causa de sua cabeça grande e disforme, fruto da maldição, até que consiga devorar sete Marias virgens e reverter o feitiço.
Outra lenda, bem menos conhecida, é a do “Num se pode”. Esta data ainda da época do primeiro sistema de iluminação pública de Teresina, que consistia em lampiões a querosene postos no topo de colunas de madeira. A lenda conta que uma mulher de aspecto triste e fantasmagórico caminhava sozinha pelas desertas ruas de Teresina, trajando um longo vestido branco. Segundo populares, essa mulher sempre pedia um cigarro ao encontrar com algum homem. Ela recebia o cigarro normalmente, mas, para acendê-lo, ela encompridava seu corpo à altura do poste. Horrorizado, o pobre homem corria, enquanto a tal criatura, dava gargalhadas gritando: “Não se pode! Não se pode!”.
FUTEBOL: A TRAJETÓRIA DE UMA PAIXÃO NACIONAL NA CAPITAL DO SOL
No Piauí, o futebol surge oficialmente em 1912 com a criação do Parnahyba Sport Club. Na capital, isso só ocorre quatro anos mais tarde, com o Therezinense, que foi o primeiro campeão, em 1918, ano em que o Campeonato Piauiense foi oficializado.
A partir da década de 1920, o esporte, que era praticado apenas por brancos, popularizou-se e começou a ganhar cores – ficando com a cara do Brasil. Em Teresina não foi diferente: dentro de campo, as diferenças entre o branco e o preto, o filho do aristocrata e o verdureiro eram diminuídas, diante do prazer de chutar uma bola e marcar um gol.
Os clubes de maior destaque na cidade e no estado começaram a aparecer: o Tiradentes, em sua primeira fase na década de 1920 e depois, a partir de 1959, o Botafogo, Flamengo, River, Auto Móvel, Fluminense, Terríveis. O Botafogo, antigo Militar, era um clube do 25º Batalhão de Caçadores. O clube Tiradentes pertencia a Polícia Militar do Piauí e foi o clube de maior destaque no cenário nacional.
Em sua primeira fase, o Tiradentes foi comandado pelo Sargento Benedito Preto, quando chegou a ser tetracampeão estadual. Nessa época, o campeonato era organizado pela Liga Therezinense de Futebol, o que ocorreu até 1941, quando, em virtude do regime ditatorial da Era Vargas, foi criado o Conselho Nacional de Desportes, impondo que apenas as capitais tivessem federações de futebol e que as ligas ficassem assim, restritas às cidades do interior, que deveriam está filiadas as federações. Foi desse modo que, em 25 de novembro de 1941, foi criada a Federação de Futebol Piauiense, tendo como primeiro presidente Raimundo Ney Boumann e como primeiro campeão, o Botafogo.
A CONSTRUÇÃO E INAUGURAÇÃO DO ESTÁDIO ALBERTÃO
A década de 1970 foi a de maior importância para a historia da Sociedade Esportiva Tiradentes e também para a cidade de Teresina. Foi durante o governo Médici, no auge do endurecimento do Regime Militar, que foi construída em Teresina uma praça esportiva. A praça tinha capacidade para mais de 30 mil espectadores, como exigia a CBD (Confederação Brasileira de Desportes), para que um clube fosse admitido no Campeonato Nacional, que teve inicio em 1971. Com a ajuda de recursos do governo federal, o estádio Albertão foi construído, sendo inaugurado em 1973.
Como campeão do ano de 1972, o Tiradentes conquistou o direito de disputar a competição nacional em 1973. Esse foi o melhor desempenho de uma equipe piauiense no Campeonato Brasileiro. Dos 40 clubes participantes da competição, o Tiradentes foi o 19º colocado, deixando para trás, Fluminense e Flamengo, por exemplo. Esse período marcou o inicio de uma fase especial para o futebol piauiense: o teresinense vibrava com Rivengos (disputas entre River e Flamengo), o Estádio Albertão ficava lotado. Foi uma época inesquecível para os amantes do futebol.
CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS TRAZIDAS PELO FUTEBOL
O futebol não serviu apenas como entretenimento para o teresinense, mas trouxe também contribuições sociais para a cidade de Teresina. Essas contribuições aparecem, principalmente, quando se fala no processo de urbanização da capital.
O jornalista e cronista esportivo, Carlos Said, lembra que, “o bairro dos Noivos começou a surgir após a aquisição de um terreno para a instalação da sede do River e o Flamengo construiu metade de uma vila olímpica para atrair a atenção dos moradores da zona sul da capital. A sociedade não pode desprezar os valores esportivos existentes nos clubes”, diz ele ao referir-se a algumas contribuições do futebol para a cidade de Teresina.
COMEÇA O PERÍODO DA DECADÊNCIA
Mas essa boa fase não durou para sempre. Para tristeza dos torcedores da capital, o futebol vem decrescendo de modo rápido. Até o início da década de 1980, o esporte evoluía de mãos dadas com o desenvolvimento da cidade. Aqueles que vibraram com o Tiradentes de 1973, viram o clube se desmontar após escândalos envolvendo jogadores.
HOJE SOBRAM CADEIRAS VAZIAS
A participação dos clubes da cidade em campeonatos nacionais não fazem jus à atuação do “Amarelão da PM”, como era chamado o Tiradentes. O torcedor teresinense viu o River cair pra Segunda divisão, depois Terceira e, hoje, o Flamengo, atual campeão estadual, está na Quarta divisão do campeonato nacional. Um dos principais problemas apontados para esse decréscimo do esporte na capital é a falta de estrutura do futebol piauiense.
ECONOMIA DA MODA: UM RAMO PROMISSOR NO CONTEXTO TERESINENSE
A economia teresinense tem suas bases mais fundamentadas no setor de serviços e o espaço da indústria ainda não é muito grande, mas o setor de confecções vem se destacando e crescendo. De marcas com visibilidade a pequenas indústrias de quintal, a economia da moda movimenta diferentes classes em torno das novas tendências em confecção. O aumento da quantidade de eventos ligados ao mercado da moda é uma tendência, independentemente dos tempos de crise.
Teresina é responsável por 85% das confecções de todo o estado. Com uma produção focada tanto no mercado local quanto no externo, as indústrias de confecções em Teresina estão começando a ganhar espaço em uma economia ainda insipiente, de acordo com o economista Samuel Costa.
Na cidade, há cerca de 416 indústrias, distribuídas entre micro, pequenas, médias e grandes empresas, sendo as micro e pequenas em maior número. O setor de confecções gera aproximadamente 13 mil empregos diretos e uma produção de 479 mil peças por mês, variando entre modinha (malha, poliéster, microfibra), jeans, fitness (academia) e lingerie.
Mesmo não tendo um nível de renda elevado, a população teresinense garante aos empresários do ramo de confecções um grande contingente de consumo. Samuel Costa afirma que sempre vai existir demanda para esse setor, uma vez que ele encontra-se dentre os setores de consumo básico.
O nível de renda do piauiense é baixo: cerca de 80 a 90% da população ganha até três salários mínimos, que são gastos com produtos de consumo básico: alimentação, confecção e crediário (para compra de bens duráveis). Entretanto, a classe média da capital piauiense garante cerca de 49 mil consumidores em potencial. Por isso, os dois shoppings da cidade não suprem as necessidades de consumo por completo.
Uma espécie de shopping voltado para o setor de vestuário, o Piauí Center Moda é resultado de uma parceria entre o Governo do Estado, Prefeitura Municipal de Teresina, Federação das Indústrias do Estado do Piauí (Fiepi), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e o Sindicato da Indústria Vestuária do Piauí (Sindivest-PI). São 120 lojas: 97 internas e 23 externas, integrando 123 empresários e gerando cerca de 3 mil empregos diretos e 15 mil indiretos.
O Piauí Center Moda, em breve, terá uma loja da ACOSTE. Segundo Francisca de Sales Rodrigues, integrante da ACOSTE, Associação de Costureiras de Teresina, a entidade existe há 27 anos e é constituída por 253 sócios – 150 deles, ativos. Apesar de não receber recursos do governo para a manutenção de seus serviços, como o Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), Sebrae e SESI (Serviço Social da Indústria), a associação consegue capacitar mais de 300 pessoas por ano.
Cursos técnicos e superiores de moda na capital piauiense
De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), o objetivo dos cursos oferecidos em Teresina é fortalecer o Piauí Center Moda como Unidade Estratégica de Negócios sustentável da indústria da Moda Piauiense através da elevação do volume de vendas e taxa de ocupação das lojas. Os cursos visam abastecer as indústrias de confecção do vestuário de Teresina estabelecidas no Piauí Center Moda de mão de obra qualificada. Dentre as ações realizadas pelo Sebrae, estão a capacitação empresarial e o apoio à participação em feiras regionais e nacionais.
Teresinha de Jesus Carvalho, 54 anos, é síndica do Piauí Center Moda e dona da confecção “Contém + Fashion”, uma mini empresa no quintal de sua casa, mas confessa não ter boas expectativas diante dos cursos propiciados por centros empreendedores, como SENAC e o próprio Piauí Center Moda.
“Agora mesmo, nós tivemos um curso de cento e tantas pessoas no Piauí Center Moda, com convênio com a prefeitura, Fiepi e Senai, para capacitação. Mas eu já trouxe umas seis pessoas, que vieram de teste para cá, e não vingou. A pessoa não sabia nem montar uma peça, não sabia nada, mal sabia fazer overlock (uma máquina de costura popular entre os profissionais do ramo). Eu não sei que tipo de profissional estão jogando no mercado. É pra gente ensinar? Qual a empresa que vai ensinar? Nós não temos tempo”, argumentou Teresinha.
Em contraponto, a expectativa da empresária para os cursos de faculdades de moda em Teresina é muito grande, como os da faculdade Novafapi e da Universidade Federal do Piauí (UFPI). Em 2009, a Novafapi traz ao mercado a primeira turma de moda e a UFPI iniciou sua primeira turma neste primeiro semestre, além do IFPI (antigo CEFET) que possui o curso de tecnólogo.
De acordo com o presidente da Associação das Indústrias de Confecções, Francisco Marques de Melo, essa mão de obra tem o curso, mas não têm a parte de laboratório, devido à distância estabelecida entre universidade e a cadeia produtiva local. Marques reclama que o curso não interage com os empresários locais, para adequar-se à realidade do mercado teresinense. Francisco ainda acrescenta que não pode haver uma padronização pois uma tendência em São Paulo pode não ser tendência em Teresina. O curso de moda precisa trabalhar a logística, para que os alunos aprendam a fazer arranjos produtivos, e a unir pequenos empresários para reduzir os impostos.
Carolina Ferreira é realista: “Se o profissional é bom, ele é reconhecido. Mas não é fácil chegar lá. Eu sei que se eu quiser viver só de moda, vou ter que trabalhar muito e me superar sempre”.
Desfiles em Teresina: o mercado da moda precisa de marketing
Os desfiles realizados em Teresina dão maior visibilidade às atividades ligadas à moda na cidade porque contribuem para a divulgação e venda de mercadorias dos lojistas. A primeira edição do Piauí Fashion Week, que ocorreu entre 21 e 23 de maio de 2009, no Rio Poty Hotel, refletiu o crescimento do setor de confecções no contexto local. “Quanto mais você cria um marketing, estiliza o produto, mais você agrega valor e mais você atrai o próprio consumidor local. É a diferença do setor agrícola: na indústria, você pode agregar valor aos produtos”, afirma o economista Samuel Costa.
Piauí Fashion Week
A empresária Teresinha Carvalho acredita que a capital piauiense seja um pólo da indústria da confecção e incentiva novos investidores e lojistas a buscarem espaço no mercado desde já. “A gente antes convidava pessoas para o Piauí Center Moda, e hoje há procura de espaço por lá, então a gente nota que está havendo um crescimento”, disse ela. Porém, mesmo diante do crescimento, ela afirma que não existe concorrência em Teresina.
O público desses eventos de moda, no entanto, é limitado. “Neles, estão mais pessoas que compram de unidade, que é um público bom também, que divulga nossos produtos, mas não é aquele que compra em grande quantidade, que é o que nós queremos”, declara Teresinha de Jesus.
O mercado da moda também enfrenta dificuldades
As confecções em Teresina tornam-se caras devido à escassez de mão de obra qualificada e à falta de matéria prima disponível. A capital não possui um arranjo produtivo local completo, contemplando toda a cadeia produtiva: o tecido, a linha, os botões, o zíper e muitos outros elementos não são produzidos na cidade. No Piauí, lojistas e empresários acabam comprando tudo mais caro, e a mão de obra, por ser escassa, também tem seu valor aumentado. Teresinha Carvalho revelou, por exemplo, tem que comprar sua matéria prima de outras cidades, como São Paulo e Belo Horizonte. Uma das maiores dificuldades encontradas no ramo da moda, em Teresina, é a falta de profissionais.
TERESINA: NÃO TÃO CATÓLICA COMO ANTES, MAS, AINDA ASSIM, LIGADA À FÉ
Teresina, embora ainda majoritariamente devota do cristianismo, não é mais tão católica quanto em seu tempo de fundação. Isso também não quer dizer que a cidade deixou de ser religiosa, ou que o catolicismo esteja na irrelevância, mas que, com o crescente contato com outras culturas, foram incorporadas também outras crenças. Apesar de grandes diferenças entre si, as doutrinas seguidas pelos teresinenses pregam, sobretudo, a solidariedade, que é uma das características mais fortes do povo piauiense.
A expressão do catolicismo na cidade
Na Igreja de São Benedito, localizada no centro da capital piauiense, é realizado um trabalho que tem por objetivo dar assistência a população carente da cidade. É seguindo os preceitos da doutrina social da Igreja Católica, que os membros dessa paróquia colocam em pratica o trabalho assistencial.
Segundo Frei Batista, na paróquia, é desenvolvido um trabalho social, chamado de Pão dos Pobres de Santo Antônio e é direcionado aos idosos. A comunidade participa através de doações que podem ser feitas em espécie ou através da doação de roupas usadas, gêneros alimentícios, que são distribuídos semanalmente. São 250 idosos beneficiados, estes, provenientes de vários pontos de Teresina. Além das doações, também é realizado um trabalho de terapia ocupacional com os assistidos. O trabalho é realizado há 50 anos pela igreja. O Frei diz ainda que, “claro que isso não resolve todos os problemas da cidade, mas ameniza a situação dessa população que é carente”.
Igreja São Benedito
Mesmo diante de muitas outras ações semelhantes à da paróquia São Benedito, a manifestação religiosa de maior destaque dentro do catolicismo teresinense é a Caminhada da Fraternidade. Em sua 14ª edição, a passeata promovida pela ASA (Ação Arquidiocesana de Teresina) atrai milhares de fiéis às ruas da capital e arrecada donativos para entidades teresinenses.
A expansão do espiritismo em Teresina
Em Teresina, a doutrina espírita surgiu no ano de 1927, quando um grupo de trabalhadores espíritas, entre eles, Raul Cunha, João Cunha, Elias Torres, Pedro Britto Conde e Joca Vieira, liderados pela professora Firmina Sobreira, fundaram o Centro Espírita Amor e Caridade, que depois, no ano de 1931, passou a ser denominado de Centro Espírita Piauiense. Esse centro esteve em atividade até o ano de 1950. Ele foi desativado, cedendo lugar à Federação Espírita Piauiense – FEPI, entidade ligada a FEB e responsável pela coordenação e unificação do Movimento Espírita no estado do Piauí.
Desde 1927 até os dias de hoje, o movimento espírita tem crescido bastante na cidade e no estado. Quando a FEPI foi fundada, haviam apenas quatro centros filiados à instituição: dois deles funcionavam em Parnaíba e dois em Teresina. Hoje, encontram-se filiados à federação 62 centros que estão distribuídos em 26 cidades por todo o estado, destes 62, 26 estão localizados em Teresina. Além dos centros, existem também nove grupos de estudos espíritas e duas entidades especializadas: a Cruzada dos Militares Espíritas e a Associação Médico-Espírita – AME presidida pela Dra. Kátia Marabuco. Os centros kardecistas coordenados pela federação atendem cerca de 12 mil pessoas carentes. Segundo a presidente da FEPI, Rosa Maria da Silva Araújo, “os centros desenvolvem trabalhos assistenciais, mensalmente, através da distribuição de alimentos, gêneros de utilidade, assistência a idosos e famílias carentes, atividades educativas e de desenvolvimento criativo, tais como: evangelização de crianças e jovens, creche com educação infantil, oficinas de trabalhos artesanais, de música, teatro, preparação de enxovais para bebês, além de atendimento fraterno e espiritual”. Todas estas atividades têm por objetivo, o auxilio a população carente de Teresina.
O Candomblé cresceu, mas ainda é alvo de preconceito
As religiões de origem africana, tais como, candomblé, umbanda, quimbanda, atraem grande numero de adeptos na capital piauiense. Derivadas das crenças trazidas pelos escravos africanos que aqui chegaram, essas religiões ainda sofrem grande preconceito por parte da sociedade. Entre os costumes que resistem até hoje estão o culto aos orixás e guias espirituais.
Existem, em Teresina, diversos terreiros, como são chamados os locais das reuniões. As reuniões costumam ser realizadas à noite e contam com a presença dos chamados, pais, mães e filhos de santo. Alguns terreiros da capital têm desenvolvidos trabalho de auxílio aos portadores de hanseníase, através de esclarecimentos sobre a doença – uma vez que, devido às condições de higiene precárias em que se encontram alguns terreiros, é comum o surgimento da doença.
Esses terreiros de Teresina desenvolvem um trabalho de integração entre eles, e também entre terreiros localizados na Bahia, além de encontros que visam esclarecer as pessoas sobre suas crenças e fundamentos. Dessa forma, eles visam acabar ou, pelo menos, diminuir o preconceito existente em torno dessas religiões.
DEPOIMENTOS IMPORTANTES
Em uma época de comemoração ao aniversário de 157 anos de Teresina, não poderiam faltar os testemunhos de pessoas importantes que influenciam direta e indiretamente no desenvolvimento da cidade. Fizemos entrevistas com personalidades importantes para a capital piauiense e houve um consenso na principal característica da cidade. Para todos os nossos entrevistados, o povo teresinense e seu jeito receptivo e acolhedor de ser são as características mais marcantes de Teresina.
“Dedico a minha vida, meu tempo, minha energia a cuidar dela” – Sílvio Mendes, prefeito de Teresina
“Eu dedico a minha vida, meu tempo, minha energia a cuidar dela. É uma honra muito grande, e eu avalio bem a dimensão da responsabilidade, de cuidar de uma cidade que tem 800 mil pessoas morando, que a escolheram pra viver. Eu agradeço o que a gente consegue fazer, negocio o que a gente não consegue, mas o crédito do que nós conseguimos fazer é pela equipe que nós temos. O resultado ta aí, pra população avaliar e julgar”, falou Sílvio Mendes, prefeito de Teresina, sobre o aniversário de 157 anos da cidade.
Sílvio Mendes é natural de Campo Maior-PI e veio a Teresina para estudar, quando adolescente, no colégio Liceu. Ele considera o povo, o maior destaque da cidade: “Teresina tem várias características, mas eu acho que a característica principal da cidade é o povo. Aqui, as pessoas se cumprimentam, as pessoas ainda colocam a cadeira na calçada no final do dia. Eu acho interessante, porque às vezes, a gente olha e não enxerga mais. Esse é o patrimônio maior da cidade: é o povo, é um povo solidário”.
Sílvio explicou que Teresina é uma cidade que tem como característica a prestação de serviços, ela tem uma localização estratégica, posicionando-se na transição da região Nordeste com a pré-Amazônia. Por não estar no litoral, há desvantagens, mas também há vantagens como a influência comercial junto à prestação de serviços para, aproximadamente, seis milhões de pessoas.
“Nós temos influência no Piauí, aqui no estado do Maranhão... Para muitos maranhenses é muito mais fácil vir pra Teresina do que ir pra São Luís, pela própria localização de São Luís e Teresina. É uma característica boa da cidade: é uma cidade prestadora de serviços, principalmente na área da educação, na área da saúde e na área do comércio, principalmente no comércio varejista e no comércio de confecções. Mas nós não temos um parque industrial importante, ele é insipiente e está sendo desenvolvido agora. É um lugar que, provavelmente, nos próximos anos, deverá ser descoberta como um local de investimento do setor privado”, contextualizou o prefeito.
Um levantamento da prefeitura de Teresina mostrou que 53% das despesas médicas da capital piauiense, em 2008, foram com pacientes não residentes na capital. “Quer queira, quer não, é uma marca pra cidade”, assinalou Sílvio.
O prefeito Sílvio Mendes também falou sobre educação, que ele destaca como sendo o ponto mais importante que tentou buscar em sua gestão, por uma questão de convicção: “A área da educação tem se desenvolvido muito nos últimos anos. Nós temos o melhor ensino público básico das capitais do Nordeste. Nós temos a quinta avaliação melhor do Brasil. Eu acho que o ensino de terceiro grau cresceu desproporcionalmente à cidade. Hoje, nós temos aqui mais de 30 instituições de ensino superior, nós temos quatro faculdades de Medicina, talvez por conta de todas essas características e da necessidade do mercado. Nada acontece por acaso. As coisas são racionais”.
Sobre a programação do aniversário de Teresina, o prefeito foi bem sincero e admitiu que não achava importante que ele estivesse presente em todos os eventos porque “aniversário da cidade é um tempo de festa , buscando cantar a cidade. Não é importante a minha presença, não acho não. A festa é da cidade, é uma festa onde as pessoas celebram o lugar em que vivem e moram”, justificou-se.
Como mensagem final, Sílvio desejou felicidade e paz para Teresina: “Pra cidade, eu desejo que ela seja feliz, que ela viva em paz. Acho que isso aí é o melhor que eu posso desejar pra ela. E, quanto a mim, pra cuidar dela, é a ansiedade das coisas que a gente sabe que tem que ser feitas e nem sempre a gente pode fazer. São as contradições entre a necessidade e a capacidade de fazer”.
“Teresina é a cidade que eu pedi a Deus!” - Renato Berger, presidente da Câmara Municipal de Teresina
“Teresina é a cidade que eu pedi a Deus! É uma cidade que me acolheu muito bem e é uma cidade que a gente tem que privilegiar e prestigiar. E, não tem momento melhor que no aniversário dela, participando das festividades”, disse o presidente da Câmara Municipal de Teresina, vereador Renato Berger.
Para Berger, a característica mais marcante da cidade “é a capacidade que o povo, mesmo o povo pobre, na grande maioria, tem de ser um povo acolhedor, um povo solidário”. Ele afirmou estar muito honrado em comemorar mais um ano à frente da gestão da capital: “é aquilo que eu gosto de ser: vereador. E, logicamente, podendo estar à frente do poder como gestor maior da Câmara Municipal, me deixa ainda muito mais honrado , principalmente numa data como essa, no aniversário da nossa querida cidade e num ano em que a gente também faz parte das comemorações na inauguração que teremos do novo prédio daquela Casa”, explicou o vereador, aludindo ao novo prédio da Câmara Municipal que será inaugurado ainda no calendário comemorativo da cidade.
“Teresina, sejas o que és! Não mudes o que és, porque aqui é o nosso lugar e é aqui que todos nós queremos continuar a viver!”, homenageou o vereador. Renato Berger ainda reafirmou um ditado popular: “Uma coisa marca muito Teresina, a gente diz como brincadeira, mas é verdade. Quando a gente diz ‘se você vem a Teresina, e bebe da água do Parnaíba, você volta’. E, não é só a do Parnaíba não! Se você vem a Teresina e bebe das águas do Parnaíba e do Poti, com certeza você volta e volta pra ficar!”.
“A cidade de Teresina, pra quem conhecia antes, bem aqui, onde é a Potycabana, muitos teresinenses tomavam banho no rio Poti, no passado. Era uma cidade bem pequenininha... Hoje, é uma cidade grande, bonita, onde tem uma medicina avançada, escolas de boa qualidade. Tem problemas? Tem, porque em qualquer lugar tem problemas, mas a nossa cidade é uma cidade que enaltece o estado do Piauí”, declarou o deputado estadual e presidente da ALEPI, Themístocles Filho.
Themístocles disse que o melhor presente que ele poderia oferecer à cidade seria conseguir trabalhar mais, porque “tem vários problemas na nossa cidade, dependendo da área aonde você focaliza”.
Themístocles Filho também elogiou o povo teresinense: “A gente de Teresina e a gente do Piauí, eu acho que é o que tem de melhor no nosso estado. É o povo! Quem conhece os outros estados e compara à população de nossa capital, vê que ela é excelente: amigável, afável com quem vem visitar a nossa capital”.
“Teresina é uma cidade realmente maravilhosa!” - Norberto Campelo, presidente da OAB-PI
“Eu acho Teresina uma cidade linda! É uma cidade bonita, limpa, organizada. A OAB traz muitos visitantes, ilustres visitantes, e o que a gente observa é que as pessoas ficam maravilhadas quando chegam aqui, principalmente aquelas que não conheciam. Então, Teresina é uma cidade realmente maravilhosa!”, disse Norberto Campelo, presidente da OAB-PI à nossa reportagem.
Segundo Campelo, a cidade “tem sido brindada nos últimos anos com grandes investimentos, grandes empreendimentos... Ela tem crescido muito e isso significa mais oportunidade pras pessoas, mais emprego, uma circulação maior de dinheiro, de recursos. Então, a cidade cada vez se torna melhor para se viver”.
O presidente da OAB também ressaltou que há obstáculos a serem superados pela cidade, mas que as previsões são muito boas: “É claro que a gente nunca deve ta conformado, né? Eu acho que, sempre, pode ser melhor. Eu acredito que, nos próximos anos, com esse impulso que a gente tem percebido, esse crescimento tende a se acelerar. Principalmente, com o desenvolvimento do Sul do estado. Isso também traz um reflexo muito grande para a capital. Eu acredito que Teresina é um lugar que vai crescer muito, que ainda vai nos dar muita alegria, vai nos proporcionar muita coisa boa, porque é uma cidade que realmente tem atraído muito a atenção das pessoas, inclusive de empresários de fora – vendo, aqui, grandes oportunidades. E, obviamente, isso acaba beneficiando a todos”, concluiu.
“Uma cidade com vocação maternal” - Cinéas Santos, autor da letra do Hino de Teresina
“Teresina nos oferece uma oportunidade, neste mês, de reverenciá-la, de homenageá-la, de tratá-la com o carinho que ela merece. Uma cidade que trata a todos nós como mãe. Uma cidade com uma vocação maternal, como bem afirmava o professor Arimathéa Tito Filho. Nos propicia a possibilidade de retribuir a generosidade maternal com que ela nos trata. É o momento de dizer a essa cidade: nós te amamos, e não apenas com palavras, com gestos, com ações positivas”, assim Cineas Santos, autor da letra do Hino de Teresina, iniciou sua mensagem em homenagem à Teresina.
De acordo com Santos, o que a capital do Piauí tem em distinção de outras capitais, é a generosidade do povo, e citou uma afirmação do professor Wall Ferraz: “A cidade é o povo, o mais é paisagem”. Ele acredita que “essa cidade pertence a todos, a cidade somos nós” e, por isso, “já que nós não somos os maiores, sejamos os mais generosos, os mais calorosos, os mais afetuosos – porque isso é um traço que caracteriza o povo do Piauí. A generosidade é, sim, um atributo e nós não podemos abrir mão dele!”.
Perguntamos ao professor Cineas com o que ele presentearia a cidade de Teresina, e ele respondeu que com o seu carinho e o seu trabalho, porque seriam o que de melhor ele tem e pode oferecer. Ainda disse que “se nós pudermos acrescentar beleza musical, beleza literária e beleza artística, seguramente, esta cidade terá um destino muito melhor”.
“Adoro morar aqui, em Teresina” - Marden Menezes, deputado estadual
“Eu, na verdade, me divido entre Teresina e Piripiri. Adoro Teresina, adoro morar aqui em Teresina. Minha mensagem é de otimismo, compromisso e também de esperança, na certeza que Teresina é uma cidade muito bem cuidada e, no que depender de nós, Teresina continuará sendo muito mais valorizada”, declarou o deputado estadual Marden Menezes.
Marden também falou de desenvolvimento da capital: “A nossa cidade passou a dar um salto rumo ao futuro em termos de organização, de planejamento, com obras de grande importância... e isso valoriza muito o nosso orgulho de ser piauiense, de ser teresinense. Teresina é uma cidade que investe muito em educação, sendo a educação o principal mecanismo para se atingir um desenvolvimento onde as pessoas tenham condição de vida mais igualitária, ou seja, onde as desigualdades sejam minimizadas. Esse investimento na educação eu diria que é, na verdade, tem sido o grande presente dado pelo PSDB à nossa capital”.
“É uma cidade que tem um potencial muito forte” - Fábio Novo, deputado e presidente estadual do PT
“Teresina é uma cidade que tem um potencial muito forte. Eu quero parabenizar a todos os teresinenses que acreditam nessa cidade. Ela é uma cidade que tem potencial forte na área da educação, forte na área do turismo de eventos... Eu acho que a gente deve presentear Teresina com obras”, iniciou o deputado Fábio Novo.
Para Fábio Novo, a principal característica de Teresina é ser uma cidade acolhedora: “É uma cidade extremamente acolhedora, boa de se viver, de morar. Nós ainda não temos índices de violência tão preocupantes como em outras cidades do país. Destaco aqui a educação que é muito forte em Teresina e também a área de saúde”, destacou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário