Era uma vez, mãe zelosa e sua única filha. Esta namorou e falou em casar. A mãe, extremamente responsável, sentou-se com a filha e começou a planejar tudo, para que isto acontecesse sem surpresas ou incidentes.
Imagino que pelas ocorrências sociais atuais, você estará pensando – Já sei! Aí, soube que a filha estava grávida? – Não. Eu lhe tranquilizo. Não estava.
E foi assim que mãe e filha começaram a planejar tudo. TUDO mesmo. Como era amiga dessa mãe, conhecia bem de perto, posso afirmar que isto lhe era natural. Sua profissão e ocupação só lhe ajudaram a ser assim.
Abro parênteses para contar situação ocorrida em sala de aula, curso de pós-graduação, “Gestão pela qualidade total”, que reunia profissionais das mais diversas áreas de atuação.
Executivos de empresa reclamavam da dificuldade de planejar, em uma economia incerta como a nossa. Medidas governamentais alteravam o quadro econômico a todo instante.
Levantou-se um aluno, oficial reformado de marinha e disse: – Vocês não poderiam nunca ser marinheiros! Quando saímos com um navio, precisamos saber, basicamente, aonde vamos, quanto tempo estaremos em mar, quantos homens irão na missão e a previsão de retorno. Se não, corremos o risco de morrer de fome, ou até de sede. Ao longo da viagem, podemos ter várias surpresas, mas o básico para a sobrevivência da missão estará garantido.
Toda a turma o aplaudiu de pé. Que mania temos de dizer que não dá pra fazer ou isto ou aquilo, por isso ou aquilo, e blá-blá-blá-blá-blá-blá…
Minha amiga, se estivesse lá, também aplaudiria. Ela sabia o quanto planejar era importante. Depois que ouviu palestra de Amyr Klink, então!…
Casamento lindo. Emocionante. Lua-de-mel perfeita. O apartamento do casal tinha de tudo e foi montado com carinho e bom gosto. A vida a dois navegava em mar tranquilo. Provisões adequadas.
Eis que belo dia, transcorridos uns poucos anos, o casal procura a família e avisa sobre a separação, decidida amigavelmente. Pânico. Surpresa geral. Planejamento por água abaixo. O navio afundou!
Surpresas que dão susto, também passam logo. E a vida continua. Família e amigos cobrem de amor e carinho aquela cria. Lambida. Mimada. Doce de gente que crescera e era agora uma menina mulher descasada.
Ué!… Pensei. Festa? E a mãe, da doce e amada menina mulher, não ficou apavorada? Não planejara nada para a chegada do bebê. Seria avó pela primeira vez. Não estava assustada? Só teria oito meses para arrumar as coisas do neném.
Sabe que não?!… Entendera que não se tem controle sobre tudo nesta vida. Está a vovó mais linda que já vi. Feliz pela filha. Feliz por ela mesma. Feliz pelo netinho que vem preencher, ainda mais, tanta felicidade.
Penso que ela faz o que nos ensina Amyr Klink:
“ … Um homem precisa viajar . Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou tv. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor…”
outono de 2014
Por: Tânia Barroso
Por: Tânia Barroso
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